Sunday, January 28, 2007

Caranguejo

A poeira inevitável dos corpos. A escuridão embaixo dos móveis. A espera é desesperante e a lua e o sol iluminam tudo.
Vidas delirantes à procura do nada. Cortes despercebidos durante as noites. Sonhos insolucionáveis e deselegantes.
Cada momento fecundado um abismo. Cada olho cansado um sono. O cheiro podre pasmado como cama onde se dorme.
Destino fraco se move. Espectro vivo, memória. O cego no espelho caminha. Açúcar no sangue, e no mangue o caranguejo anda.

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Saturday, January 27, 2007

Mente distorcida


Textos apagados, esquecidos, rejeitados. Deletados, não-lidos, não enviados. São frases que perdem o sentido, pensamentos que morrem, idéias que se apagam.
O corpo não se sustenta; cambaleia, tropeça, não vê. E no primeiro segundo desiste da idéia.
Se define pelo não; inventa para si uma constatação. São mentiras se amontoando aonde ele possa sentar e ver o formigueiro.
Tudo porque não se permite mistério. Passa régua por cima de qualquer abertura. Tem medo de ser traído, enganado, treme.
O barulho dos carros acalmam, está vivo pelo menos. O fantasma que assombra vai perdendo sentido. Mas ao mesmo tempo as retas riscadas vão cristalizando.
Uma noite de sono é o suficiente para acordar sorridente e sem aquelas idéias antigas.

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Tuesday, January 23, 2007

Palhaço

O palhaço cançado de tudo mudar
Decidiu mudar
“Homem sério, empresário de inseticida, ei de ficar“
Saiu de terno, pra cartomante confirmar

No carteado saiu: futuro empresário
Sua tez de homem novo brilhou
E com alegria nova a cuprimentou
Deixou uma porta atrás e foi em paz

Na esquina de um bar ouviu um sambão
Coisa alegre e colorida com cerveja e multidão
Olhou de esquiva pra não ter constipação
Foi sambar só um pouquinho, motivo de comemoração

Sambou, rodopiou, caiu e levantou
Todo mundo olhou
E com respeito ao TERNO, ninguém riu
Mas mal sabia o palhaço que nunca iria mudar

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Sunday, January 21, 2007

Bacilo

Na penumbra da noite
Uma borboleta cor de nuvem
Espalha um pecado bacilo
Que pelo quarto arejado
Repousa no homem cansado

Ao despertar uma hora depois
Sente seu olho latejado
E em seu olhar um louco
Que sorri pela primeira vez

Vai a porta de sua tia
Convencido ao crime e a ferida
Agarra-la atrás das cortinas
Que são leves de rendas bonitas

No carpete felpudo ele tráz
Sua vítima que não sabe o que faz
E pelo sim pelo não
Fazem do sexo motivo de consagração

Sexo azul verdejante
Um novo sabor estonteante
No carpete felpudo que dá cócegas
Só durou uma hora
Mas foi emocionante

Quase duas horas depois do ato consumado
Sentiu ele como uma dor puz infectante
As consequências de seu pecado
E lavou o rosto no banheiro arejado

Mais duas horas depois estava na sala
Na poltrona clareada
De um novo dia iluminado
Com sabor coral esperneante.

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